Circuitos transfronteiriços de drogas entre Paraguai e Brasil: atores e dinâmicas sociais

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Descrição

A coleção Conflitos, Direitos e Sociedade destina-se a publicar dissertações e teses no campo das ciências sociais, que tenham como foco de análise os processos de administração institucional de conflitos e as respectivas reações da sociedade. A dissertação de Caroline Momente, agora transformada em livro é, sem dúvida, uma contribuição fundamental para compreender as dinâmicas sociais e os agentes envolvidos no comércio de drogas da fronteira Brasil/Paraguai. Com uma pesquisa de fôlego em um prazo curto de dois anos, como é a regra de mestrado, Carol fez inúmeras visitas a um presídio mostrando quem são os agentes envolvidos no comércio de drogas da fronteira Brasil-Paraguai, bem como, quais são as suas trajetórias. Essa análise perspicaz da autora combinou a escuta sobre as trajetórias de vida dos encarcerados combinada com a compreensão da condição de subalternidade e sobrevivência dos indivíduos fronteiriços. A pesquisa, portanto, demonstra que a criminalização de substâncias ilegais se trata, antes de tudo, de relações culturais, políticas e econômicas.

De um ponto de vista completamente inovador nas ciências sociais brasileira, com uma análise aprofundada no tempo e no espaço fronteiriço, a autora demarca que a guerra às drogas na fronteira recruta uma ampla maioria dos interlocutores de origens sociais subalternas, muita vezes vinculadas ao transporte de cargas, que movimentam o circuito de drogas — predominando os que ocupam a função de freteiro — e para os quais a punição e a prisão na fronteira recaem decisiva, simbólica e desigualmente. Portanto, os deslocamentos desses agentes no espaço social fronteiriço, nos mais variados trânsitos entre práticas legais e ilegais, encontram no comércio de drogas uma forma de sobrevivência enquanto possibilidade objetivamente oferecida para a qual os indivíduos visam romper com aquela condição de suas origens sociais: a subalternidade.

Esperamos que, com a leitura deste livro, possamos reconstruir cientificamente e para as políticas públicas de segurança na fronteira outras representações do tráfico fronteiriço que considerem efetivamente que as prisões na fronteira estão mesmo é repletas de jovens pobres, pouco escolarizados, sem ocupação formal que buscam sobreviver nas margens do Estado-nação porque acumularam ao longo de suas trajetórias desigualdades econômicas, culturais, simbólicas e políticos expostos às velhas fragilidades de nossa desigual e incipiente república.

Parabéns, Caroline!

Marcelo Campos

Professor Adjunto da UFGD

Pesquisador no INCT-InEAC/UFF

Doutor em Sociologia (USP)

 

[INCT-InEAC]

Informação adicional

Dimensões 1,0 × 16 × 23 cm
Páginas

244

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