Descrição

No início dos anos 1930, entra em cena uma nova geração de sanitaristas no campo da Saúde Pública no Brasil. Essa geração toma parte de um dos maiores empreendimentos em termos de políticas públicas na área da saúde já realizados no Brasil. Seus representantes serão os protagonistas das grandes campanhas de combate aos vetores e endemias rurais, implementadas por todo interior do país a partir desse período. A análise da trajetória profissional desses sanitaristas evidencia as marcas de sua formação, da qual fazem parte as constantes “viagens” na realização de seu “trabalho de campo”. Mas as atividades desenvolvidas por essa geração de profissionais da Saúde Pública não se restringiam a ações puramente técnicas e instrumentais. A densidade semântica presente em suas narrativas nos indica que essas ações foram acompanhadas de uma profunda reflexão a respeito de seu significado cultural e de seu impacto sobre a sociedade brasileira. Tomando como ponto de partida o conjunto de narrativas de um grupo de profissionais dessa geração, buscou-se aqui construir uma espécie de etnografia retrospectiva, restaurando o diálogo entre a Antropologia e a História, inscrevendo assim a diacronia e a sincronia como dimensões complementares do empreendimento socioantropológico. As categorias a partir das quais construíram suas narrativas, assim como as formas de representação de si mesmos nos diversos momentos de suas carreiras como sanitaristas e das realidades com as quais entravam em contato através dessa experiência profissional, constituem o corpus etnográfico aqui analisado.